22/04/2010

Por dentro da escolha profissional

Um jovem prestes a fazer a sua escolha profissional chega ao consultório de Psicologia cheio de inquietações, buscando a orientação profissional a fim de clarear as idéias e identificar em qual profissão poderá ter um maior ganho financeiro. É isto mesmo! Ele não procura conhecer sua vocação, como alguns, nem seu foco de interesse, como outros. Muito menos questiona em qual área poderá aplicar suas habilidades. Sua atenção está voltada para conhecer uma profissão que, depois de escolhida, lhe “presenteie” com o retorno financeiro que permita adquirir carro de luxo, roupas de marca, viagens caras, etc.

Este fato narra somente um recorte do desejo de alguns jovens: “ser rico” e conseguir isso através da escolha acertada da profissão. Quantas fantasias permeiam esta idéia! Primeiro porque apenas a escolha não garante um salário alto. É preciso dedicar-se, aperfeiçoar-se e batalhar por um lugar ao sol neste concorrido mundo do trabalho.

Para TER algo, muito mais do que seguir uma indicação divina ou um conselho de um orientador profissional, é preciso FAZER por onde adquiri-lo. E este fazer não acontece no ato de concluir a faculdade ou de arrumar o primeiro emprego. Aquilo que eu faço, do jeito que eu faço, com o prazer que sinto ao fazê-lo, pode trazer um determinado retorno financeiro, que eu ainda preciso saber manter e desenvolver.

Uma escolha profissional permeada exclusivamente pelo TER certamente encontrará muitas dificuldades ao ser levada à sua aplicação, pois no seu planejamento não foram consideradas as outras variantes que tratam da pessoa que escolhe: do que gosta, o que sabe fazer melhor, onde quer empregar seu tempo, de que forma deseja conciliar carreira e vida pessoal, como se sente realizada e produtiva etc. Assim, avaliar o SER (aquilo que sou hoje e quero ser no futuro) e considerá-lo no momento da escolha é imprescindível para que o TER possa, posteriormente, existir. Quanto mais o autoconhecimento for trabalhado no processo de orientação profissional, maiores são as chances da escolha ser assertiva.

Um escolha bem feita é o primeiro passo para que, futuramente, a pessoa encontre satisfação e reconhecimento em seu ofício, o que gera a motivação para FAZER mais e melhor e, consequentemente, para conquistar o tão desejado direito de TER.

Um comentário:

  1. Essa reflexão do SER e/ou TER é muito urgente em nossos dias atuais, pois estamos em uma sociedade onde cada vez mais o conhecimento interior se torna menos importante, ao passo que o externo ganha tamanho espaço ao ponto de nos confundir com ele deixando com isso um vazio grande em nosso ser. Como dizer para esse jovem que o que tem dentro dele é o que move o que está fora dele? Esse é o nosso maior desafio como facilitadores dessa escolha profissional.

    Andreza Almeida
    Psicóloga Clínica e Orientadora Profissional

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