03/03/2011

Escolha da profissão em horário nobre

Grande foi a minha surpresa ao saber que uma das novelas que estão no ar reservou um espaço para falar de escolha da profissão. O personagem, um jovem rico, estudioso e filho de um bem sucedido banqueiro, vive o dilema entre desistir do curso de Economia que o faria sucessor de seu pai, frustrando as expectativas deste, e o desejo de cursar outra faculdade que lhe proporcione satisfação e realização profissional.

Ainda não sei qual andamento será dado para o tema no folhetim, mas, como orientadora profissional, acredito que torná-lo popular fará com que as pessoas e entidades envolvidas no processo de escolha da profissão (jovens, família, escolas e universidades) visualizem todos os fatores que interferem direta ou indiretamente na tomada de decisão e compreendam melhor o que pode ser saudável ou prejudicial para quem necessita escolher.

Uma escolha segura, consciente e desmistificada é uma experiência benéfica tanto para o indivíduo que está no centro deste processo, quanto para a sociedade que se beneficiará com a atuação profissional dele. E é visando este resultado que o trabalho de orientação profissional deve ser desenvolvido.

Espero que a novela não simplifique a importância da orientação profissional e nem a reduza a aplicação de testes, como costumeiramente escuto falar. O trabalho é bem mais amplo e não visa o diagnóstico da pessoa e sim sua orientação, por isso precisa ser desenvolvido por profissional capacitado e com formação na área.

A orientação profissional deve ser um espaço gerador de reflexão e aprendizado sobre o processo de escolha da profissão e os elementos que interferem na tomada de decisão. Muitos instrumentos e técnicas são utilizados para dinamizar as discussões, como entrevistas, dinâmicas, jogos, testes psicológicos etc.

Autoconhecimento (características pessoais, interesses, valores, habilidades, influências, medos e impedimentos), informações sobre os cursos universitários e as diversas profissões, além de esclarecimento sobre o mercado de trabalho e a atuação profissional são os principais temas abordados.

Participar de um processo de orientação profissional é uma valiosa oportunidade para a pessoa identificar suas reais motivações, habilidades e potencialidades, assim como as facilidades e dificuldades presentes no momento da tomada de decisão.

É um trabalho que promove uma escolha profissional consciente e integrada aos ideais do indivíduo, além de motivá-lo a buscar desenvolver as competências pessoais e técnicas necessárias para atuar naquela profissão que vier a escolher.

2 comentários:

  1. Excelente! É o que faltou e talvez ainda falte em muitas escolas que se preocupam com índices de aprovação no vestibular e não em orientar a escolha do aluno. O papel de orientação moral, civil e religiosa fica para segundo plano - o que frustra a expectativa de muitos pais. Como quem já passou por isso, o resultado dessa falta de orientação, são pessoas que: a) não se empenham em passar no vestibular até decidirem que profissão seguir; b) pessoas que têm que administrar seu tempo entre escolher uma profissão e aprender o suficiente para passar dentro das vagas. Há pessoas que sempre souberam o que fazer e sofrem menos - só se preocupam em passar na primeira tentativa (penso ser a minoria se não, "as agulhas do palheiro").

    Não podemos classificar escolas que se preocupam com resultados como "más educadoras". Temos que lembrar que são empresas e precisam provar a sociedade que oferece condições para que seus alunos se tornem capazes de seguirem suas vidas após a escola e se formem na profissão que escolheram, mas orientar (sem influenciar) deve ser levado em consideração na hora de mostrar resultados de sucesso. Tenho a expectativa de que isso se torne prioridade - há escolas que já anunciam a orientação humana além de preparação para o vestibular.

    Vamos torcer para que o tema ganhe reconhecimento de sua importância para o ser humano(nós).

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  2. Parabéns Livia...

    Mais um texto muito bem escrito!
    Esse tema é muito importante para ser discutido e pensado na escola e no consultório...


    Bjos,

    Luize Bonaparte
    Psicóloga Clínica

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