As músicas do Zeca Baleiro sempre me encantaram muito! Gosto da sua sensibilidade para perceber o mundo e fazer disso uma poesia cantada. Uma música em especial andou chamando minha atenção: Telegrama. Nela o protagonista revela uma solidão dramática, novelesca, que imediatamente é interrompida por um telegrama de alguém declarando o seu amor. Não há promessas de voltar, nem nenhum tipo de explicação ou justificativa. A mensagem que o deixa em êxtase diz apenas que ele é amado! O divisor de águas é a indescritível sensação de pertencer ou estar vinculado a alguém, ou seja, de não estar só.Dar-se conta desta possibilidade e romper o pacto silencioso com o medo da solidão certamente não é fácil e nem imediatamente agradável. Frustrações e tristezas ficarão mais evidentes quando estiver só, em contato consigo mesmo. Ao mesmo tempo, estando só, será possível conhecer um pouco mais de si e aprender sobre os meios de desenvolver orgulho, admiração, segurança, prazer e felicidade, além de compreender que é impossível experimentar a sensação de completude.
Faz bem alimentar os vínculos saudáveis, mas eles só serão realmente saudáveis quando ficar entendido que a solidão é também uma condição da existência humana e que é através dela que duas pessoas se unem para dar e receber afetos, construindo um caminho com as pedras que cada um traz de sua vida. Sem uma certa dose de solidão, não há relação.

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